O palhaço Ronald McDonald -- uma das imagens de marca da Corporação McDonald's -- é tomado como paradigma para pensarmos as relações entre mercado, mídia e entretenimento, as quais tem uma ligação direta com o que estamos conceituando como "socialidade midiática". Enquanto uma metáfora ideal de uma propaganda que parece não querer mais fazer sentido, a história do palhaço nos permite desvendar os sentidos contidos em duas das principais práticas do marketing moderno, a propaganda e a publicidade, revelando-nos como, entre o nonsense da propaganda contemporânea e uma publicidade que fundiu realidade e ilusão, há uma relação visceral entre mídia e publicidade, que estabelece uma nova forma de comunicação, na qual o sujeito torna-se apenas um meio para fins que ele sabe quais são, mas, paradoxalmente, age como se não soubesse. Tal paradoxo é revelador de uma forma de subjetividade profundamente marcada pela mídia enquanto agente socializador, na medida em que a atuação da mídia como mediador da socialidade contemporânea acabou por alterar o nosso universo perceptivo, saturando o nosso imaginário de uma forma radicalmente nova. Some-se a isso o fato de que a "socialidade midiática" implica uma nova forma de representação do sujeito no registro do "espetáculo", no sentido de que "estar na imagem é existir". Desnecessário dizer o quanto essas questões precisam ser contempladas pelos estudos contemporâneos sobre os processos de socialização e o quanto são desafiadoras para aqueles que atuam no universo da educação.
The clown Ronald McDonald -- one of the trademarks of the McDonald's Corporation -- is taken as a paradigm to reflect upon the relations between market, media, and entertainment, which have a direct link with what we define as "mediatic sociality". As an ideal metaphor of an advertising that no longer seems to attempt to make sense, the story of the clown allows us to unveil the meanings contained in two of the main practices of modern marketing, the advertisement and the publicity, revealing how, between the nonsense of contemporary advertising and a publicity that has fused illusion and reality, there is a vital relationship between media and publicity, that establishes a new form of communication in which the subject becomes only a means to ends that he/she knows about, but paradoxically acts as if he/she ignored them. Such paradox is revealing of a form of subjectivity profoundly marked by the media as a socializing agent, in the sense that the role of the media as a mediator of contemporary sociality had the effect of altering our perceptive universe, saturating our imaginary in a radically new way. In addition to that, the "mediatic sociality" implies a new form of representation of the subject in the record of the "spectacle", in the sense that "to be in the image is to exist". Needless to stress how much these issues must be included in contemporary studies about the processes of socialization, and how challenging they are to those that work within the universe of education.