Resumo Objetivo: Em contextos organizacionais masculinos e extremamente competitivos, mulheres que ascendem na carreira apresentam comportamentos que embarreiram, mais que ajudam, outras mulheres a se desenvolver profissionalmente. Esse fenômeno é denominado abelha-rainha. Este artigo tem como objetivo identificar se o fenômeno queen bee está presente nas instituições de ensino superior (IES) do Brasil. Originalidade/valor: Ainda que o fenômeno abelha-rainha como metáfora de desigualdade de gênero não seja tema recente na literatura científica, sua análise em IES brasileiras revela o caráter original do estudo. Design/metodologia/abordagem: Trata de estudo quantitativo com amostra de 495 mulheres que atuam na academia. As análises estatísticas e verificações das hipóteses foram realizadas a partir do teste MANOVA. Resultados: Os resultados apontam que o domínio do conhecimento impacta mais o fenômeno queen bee que as variáveis do contexto organizacional. Além disso, mulheres em cargos de liderança são mais engajadas no trabalho, apresentam mais traços masculinos, identificam-se mais com mulheres do topo da hierarquia, negam mais a discriminação de gênero e aderem mais ao discurso meritocrático que aquelas que não estão em cargos de chefia, confirmando que mulheres que ocupam cargos de liderança em IES brasileiras aderem a traços de queen bee.

Abstract Purpose: In masculine and extremely competitive organizational contexts, women who succeed in their careers exhibit behaviors that hinder, rather than help, other women to develop professionally. This phenomenon is called queen bee. In this article, we aim to identify whether the queen bee phenomenon is present in higher education institutions (HEI) in Brazil. Originality/value: Although the queen bee phenomenon as a gender inequality metaphor is not a recent topic in scientific literature, its analysis in Brazilian HEI reveals the original character of the study. Design/methodology/approach: The quantitative study has a sample of 495 women who work in HEI. The MANOVAs test was used to verify the hypotheses. Findings: The results show that the knowledge domain impacts more on the queen bee phenomenon than the variables of the organizational context. In addition, women in leadership positions are more engaged at work, have more masculine traits, identify themselves with women at the top of the hierarchy, deny gender discrimination and tend to be more adept at meritocratic discourse than women who are not in leadership positions, confirming that women who hold leadership positions in Brazilian HEI present queen bee traits.

ABSTRACT This study aimed to develop an instrument to measure the queen bee phenomenon, present in women in positions of command who hinder the professional development of other women. In this article, the phenomenon is understood as a response to the social threat experienced by women who aspire to high positions in men’s organizations. The sample, of 495 women who worked in higher education institutions, was divided into two groups: Group 1 (G1; 248, MAge = 44 years old) and Group 2 (G2; 247, MAge = 42 years old). These individuals answered the Queen Bee Phenomenon Scale (QBPS) and demographic questions. Considering the G1 participants, a principal component analysis was performed, which allowed the identification of a hexafactorial structure, explaining 60.5% of the total variance and presenting an overall internal consistency of 0.72. Subsequently, for the G2 participants, the adequacy of the QBPS hexafactorial structure was confirmed (CFI = 0.935, TLI = 0.923, and RMSEA = 0.049). It was concluded that there is evidence for both the validity of the factors and the internal consistency of the measure, which thus may be properly used in other studies.

Resumo O objetivo desta pesquisa é explorar a ocorrência das características do fenômeno abelha-rainha em uma universidade francesa, observando, em particular, se esse efeito se manifesta de diferentes formas entre docentes-pesquisadores(as) e não docentes de diferentes categorias estatutárias. Vinte e duas entrevistas semidiretivas, realizadas com funcionários e funcionárias, destacam a prevalência de traços característicos da abelha-rainha entre docentes-pesquisadoras de status elevado, muito mais do que entre mulheres não docentes. Os resultados deste estudo exploratório são discutidos no contexto de discriminação baseada em gênero, suscetível de afetar as carreiras das mulheres na universidade.

Abstract The objective of this research is to explore the occurrence of the queen bee phenomenon characteristics in a French university by observing in particular whether this effect manifests itself in different forms between the professors-researchers and non-professors staff of different statutory categories. Twenty-two individual semi-structured interviews, conducted with male and female personnel, highlight the prevalence of queen bee characteristic traits among high status female professors, much more than among non-professors women. The results of this exploratory study are discussed in the context of gender-based discrimination likely to impact the women careers in university.

Resumen El objetivo de esta investigación es explorar la ocurrencia de las características del fenómeno abeja reina en una universidad francesa, observando, sobre todo, si ese efecto se manifiesta de distintas formas entre docentes-investigadores(as) y no docentes de diferentes categorías estatutarias. Veintidós entrevistas semiestructuradas individuales realizadas con empleados y empleadas destacan la prevalencia de rasgos característicos de la abeja reina entre docentes-investigadoras de alto status, mucho más que entre mujeres no docentes. Los resultados de este estudio exploratorio se discuten en el marco de la discriminación en base al género, capaz de afectar las carreras de las mujeres en la universidad.

Résumé Cette recherche a pour objectif d’explorer l’occurrence des caractéristiques de l’effet reine des abeilles dans une université française en observant notamment s’il se manifeste sous des formes différentes entre les enseignant.e.s-chercheu.r.seuse.s et les personnels non enseignants de différentes catégories statutaires. Vingt-deux entretiens semi-directifs individuels, conduits auprès de personnels masculins et féminins, mettent en évidence une prévalence des traits caractéristiques de l’attitude de la reine des abeilles chez les femmes universitaires de statut élevé, bien plus que chez les femmes non enseignantes. Les résultats de cette étude exploratoire sont discutés dans le cadre des discriminations sexistes susceptibles d’impacter les carrières des femmes à l’université.