No Brasil os estudos sobre atropelamentos de fauna são recentes e, na maioria dos casos, restritos a lista de espécies encontradas em alguns trechos de rodovias. Dentre os mamíferos, espécies de médio e grande porte têm recebido maior atenção. O presente estudo apresenta a primeira lista de morcegos atropelados no Brasil, incluindo comentários sobre os fatores que podem causar os atropelamentos. Nós registramos 415 óbitos de 44 espécies e sete famílias em todos os biomas brasileiros. Nós não observação relação entre o tamanho corporal e o tipo de voo com o número de colisões entre veículos e morcegos. Morcegos frugívoros foram os mais vitimados, possivelmente, em virtude de sua maior abundância natural, por forragear em baixas alturas e pela elevada capacidade de movimentação. O alto número de espécies indica que as estradas podem exercer um viés negativo sobre a quiropterofauna. Nós incentivamos que pesquisadores e agências ambientais incluam morcegos no monitoramento de fauna em infraestruturas viárias e solicitem estimativas mais precisas desse impacto.

In Brazil, studies on roadkills are recent and usually restricted to lists of species found at some road stretch. Among mammals, medium- and large-sized species have received greater attention. The present study aimed at presenting the first list of bat roadkills in Brazil, including comments on the traits that may cause roadkills. We recorded 415 deaths from 44 species of seven families in all Brazilian biomes. We did not observe a relationship between body size or type of flight with the number of bat-vehicle collisions. Frugivore was the trophic guild most victimized, possibly due to greater natural abundance, foraging in low height airspace, and capacity to make long-distance movements. The elevated number of species recorded indicates that these roads may exert a negative effect on bat fauna. We encourage road ecologists and environmental agencies to include bats in their fauna monitoring of road infrastructure and request to make more accurate estimates of this impact.

RESUMO O morcego Eumops perotis (Schinz, 1821) é amplamente distribuído nas Américas. Os estudos sobre a biologia ainda são escassos e os poucos disponíveis estão relativamente desatualizados. No presente estudo, descrevemos a biologia de E. perotis em um abrigo artificial no município de Pindorama, Estado de São Paulo, no Sudeste do Brasil, monitorado por 12 meses. Nós capturamos 50 indivíduos, 43 eram adultos (34 machos e nove fêmeas) e sete juvenis (três machos e quatro fêmeas). Dezenove adultos foram recapturados ao longo do ano (15 machos e quatro fêmeas) durante as amostragens. Os machos eram ~ 33% mais pesados que as fêmeas. Os machos permaneceram no abrigo ao longo do ano, enquanto as fêmeas estavam ausentes em junho, julho e agosto. A presença de machos escrotados e fêmeas grávidas entre julho e novembro e de fêmeas prenhas e filhotes de fevereiro a abril sugere a monoestria para esta colônia. Dentro do abrigo, o comportamento de E. perotis foi semelhante a outros morcegos molossídeos (e.g., postura de contato, formação de grupos e presença de machos isolados). Durante o inverno, os indivíduos desta colônia consumiram principalmente coleópteros, mas sua dieta incluiu também ortópteros e lepidópteros, principalmente no verão. Portanto, este estudo contribui para um aumento no conhecimento sobre a história natural desta espécie na região Neotropical.

ABSTRACT The bat Eumops perotis (Schinz, 1821) is broadly distributed in the Americas. Studies on its biology are still scarce and the few studies available are relatively outdated. In the present study, we describe the biology of Eumops perotis in an artificial roost in the municipality of Pindorama, State of São Paulo, southeastern Brazil, which was monitored for 12 months. We captured 50 individuals; 43 adults (34 males and 9 females) and seven juveniles (three males and four females). Nineteen adults were recaptured throughout the year (15 males and four females) during samplings. Males were ~33% heavier than females. Males remained in the roost throughout the year, while females were absent in June, July, and August. The presence of males with scrotal testes and pregnant females from July to November and the presence of pregnant females and pups from February to April suggest monoestry for this colony. Inside the roost, the behavior of E. perotis was similar to other molossid bats (e.g. contact posture, formation of groups, and presence of isolated males). During winter, the individuals of this colony consumed mostly coleopterans, but their diet also included orthopterans and lepidopterans, mainly in the summer. Therefore, this study contributes to increase the knowledge of the natural history of this species in the Neotropical region.