RESUMO Com a proposta de debater o tema “Entre a heterogeneidade e a normatividade: pesquisas, políticas e práticas educacionais em curso”, esta entrevista, conduzida junto aos professores doutores Ana Paula Duboc e Lynn Mario Menezes de Souza, ambos da Universidade de São Paulo, nos instigou ao debate sobre o conceito de normatividade transcendental, assim como as formas pelas quais ela vem se estabelecendo como regra em discursos políticos e educacionais, ensejando, desse modo, um retrocesso baseado em políticas neoconservadoras que almejam “endireitar a sociedade, por meio de políticas afeitas à ordem, ao consenso, à homogeneidade e ao universalismo”. Por outro lado, os entrevistados nos convidam a pensar que “dentro da normatividade há uma série de heterogeneidades, cada uma das quais tem a sua normatividade” e, portanto, a heterogeneidade é condição sine qua non de qualquer relação social. Esta entrevista, em forma de conversa, nos brinda com uma ampla discussão sobre linguagem, língua, políticas linguísticas e educacionais, letramentos, filosofia(s), decolonialidade, política nacional, e nos convida a uma “crítica de dentro para fora” por meio da provocação: “Qual a nossa parcela de responsabilidade como pesquisadores, como formadores de professores, como professores que estão na sala de aula, afeitos à orientação sociocultural e crítica?”.
ABSTRACT This interview was conducted with professors Ana Paula Duboc and Lynn Mario Menezes de Souza, both from the University of São Paulo. Based upon the theme: “Between heterogeneity and normativity: research, educational policies and practices in progress”, the interview led us to debate the concept of transcendental normativity, as well as the ways in which it has been established as a rule in the political and educational discourses. These have given rise to a setback as neoconservative policies aim to “straighten society, through policies related to order, consensus, homogeneity, and universalism”. On the other hand, the interviewees invite us to perceive that “within normativity there are a series of heterogeneities, each of which has its own normativity”. Therefore, heterogeneity is a sine qua non condition of any social relationship. This interview/chat provides us with a broad discussion on language, educational and language policies, literacies, philosophies, decoloniality, national politics, and invites us to “critique ourselves from the inside out”. It leaves us the following provocation: “What is our share of the blame as researchers, as teacher educators, as teachers who are in the classroom, who have been in favor of sociocultural and critical orientation?”.