Resumo: Com base em uma etnografia realizada entre os Guna (Kuna), população ameríndia que habita a costa atlântica do Panamá, este artigo tem por objetivo refletir sobre parentesco e relacionalidade a partir de sua práxis terminológica. A análise recai sobre os usos do idioma do parentesco por pessoas que afirmam uma subjetividade em desacordo com o gênero atribuído no momento do nascimento (omeggid, categoria local traduzida por “parece mulher”). Considerando as apelações na geração de Ego (G0), especialmente aquelas que remetem à consanguinidade (irmão/sussu; irmã/iolo), o artigo demonstra que a terminologia de parentesco permite conjugar estrutura e estratégia. Chamando alguém por sussu ou iolo, as omeggids produzem para si um lugar de gênero feminino; ao mesmo tempo, em detrimento da troca matrimonial ou aliança, afirmam um “modo de vida” estruturado por relações de amizade.
Abstract: Based on ethnography carried out among the Guna (Kuna), an Amerindian population dwelling in the Atlantic coast of Panama, this article aims to reflect on kinship and relatedness from its terminological praxis. Analysis focuses on the uses of kinship vocabulary by those people who affirm a subjectivity in disagreement with the gender assigned to them at birth (omeggid, local category meaning “woman-like”). Considering the appellations in Ego’s generation (G0), especially those referring to consanguinity (brother/sussu; sister/iolo), the article demonstrates that kinship terminology enables to combine structure and strategy. Calling someone by sussu or iolo, the omeggids produce for themselves a feminine gendered position; at the same time, at the expense of matrimonial exchange or alliance, they affirm a “way of life” which is structured by relations of friendship.
Resumen: Con base en una etnografía realizada entre los Guna (Kuna), pueblo amerindio que habita la costa atlántica de Panamá, este artículo tiene por objetivo reflexionar sobre parentesco y relacionalidad a partir de su praxis terminológica. El análisis recae sobre los usos del idioma de parentesco por personas que afirman una subjetividad en desacuerdo con el género atribuido en el momento del nacimiento (omeggid, categoría local traducida por “parece mujer”). Considerando las apelaciones en la generación de Ego (G0), especialmente aquellas que remiten a la consanguinidad (hermano/sussu; hermana/iolo). El artículo demuestra que la terminología de parentesco permite conjugar estructura y estrategia. Llamando a alguien por sussu o iolo, las omeggids producen para si un lugar de género femenino; al mismo tiempo, a expensas del intercambio de matrimonio o alianza, afirman un “modo de vida” estructurado por relaciones de amistad.