OBJETIVOS: Determinar a frequência de cegueira e investigar a relação entre os fatores de risco, com base nas características clínicas e no desenvolvimento da cegueira, em pacientes com glaucoma primário de ângulo aberto (GPAA) tratados por mais de 15 anos. MÉTODOS: Realizou-se a revisão dos prontuários (estudo retrospectivo, observacional) de 403 pacientes referidos a um hospital de nível terciário, todos com diagnóstico de glaucoma primário de ângulo aberto feito em 1974 ou posteriormente, e tratados por no mínimo 15 anos. Cegueira atribuível ao glaucoma foi definida com base na acuidade visual e/ou exames de campo visual. Variáveis consideradas possíveis fatores de risco para cegueira (uni ou bilateral) foram avaliados usando odds ratio (OR), intervalo de confiança (IC95%) e análises uni e multivariadas. RESULTADOS: Trinta e um pacientes ficaram cegos [13/53 (24,5%) - um olho cego e 18/53 (34%) - cegueira bilateral] durante o período de seguimento (19,5 ± 4,6 anos, variando de 15 a 31 anos). Estatística multivariada com análise de regressão mostrou que persistência com a terapia inicial ≤6 meses está significantemente associada com cegueira, unilateral (OR: 8,4; 95% IC: 1,3-56,4) e bilateral (OR: 7,2; 95% IC: 1,3-39,6). Outros potenciais fatores como raça, idade, gênero ou número de medicações não estiveram associados com cegueira. CONCLUSÃO: Cegueira por glaucoma primário de ângulo aberto não foi incomum na população de pacientes tratados e seguidos por um longo período. As taxas de persistência com a terapia inicial, medidas pela decisão médica de mudar o tratamento, foram baixas. Persistência ≤6 meses foi estatisticamente associada com o desenvolvimento de cegueira uni ou bilateral por glaucoma.
PURPOSE: To determine the proportion of blindness and investigate the relationships between risk factors based on clinical characteristics and development of blindness in patients with primary open-angle glaucoma (POAG) treated for at least 15 years. METHODS: A retrospective observational chart review was performed with 403 patients referred to a tertiary level hospital, each with a diagnosis of primary open-angle glaucoma, treated for at least 15 years. Blindness attributable to glaucoma was defined based on visual acuity and/or visual field tests. Variables considered to be possible risk factors for blindness were evaluated using odds ratio (OR), confidence interval (95% CI), and univariate and multivariate analyses. RESULTS: Thirty-one patients became blind [13/53 (24.5%) - unilaterally and 18/53 (34%) - bilaterally] during the follow-up period of treatment (19.5 ± 4.6 years, range 15-31 years). Multivariate statistics with regression analysis revealed that persistency on initial therapy ≤6 months was significantly associated with blindness, both unilateral (OR: 8.4; 95% CI: 1.3-56.4) and bilateral (OR: 7.2; 95% CI: 1.3-39.6). Other potential factors such as race, age, gender or number of medications were not associated with blindness. CONCLUSION: Blindness from primary open-angle glaucoma was not uncommon in this population of treated patients after the long follow-up period proposed. Persistence rates with the first therapy, as measured by a medical decision to change, were low. Persistence ≤6 months was statistically associated with the development of unilateral and bilateral blindness from glaucoma.