RESUMO Antecedentes: O fardo da mortalidade prematura associada à cisticercose humana é amplamente ignorado, principalmente devido à má manutenção de registros nas regiões endêmicas de Taenia solium. Objetivo: Documentar as características de mortalidade e sobrevivência de uma coorte histórica com cisticercose. Métodos: Os anos de início dos sintomas e morte até 1957 foram extraídos de relatórios publicados de uma coorte militar britânica (n = 450) examinada em Londres no início do século XX. Os dados foram inseridos em uma análise de sobrevida de Kaplan Meier com a presença (ou ausência) de manifestações clínicas como variáveis independentes, que foram então ajustadas em um modelo de risco proporcional de Cox para determinar sua significância. Resultados: A cisticercose foi responsável por 24 (52,2%) de 46 óbitos nos primeiros 15 anos de seguimento em comparação com 7 (19,4%) de 36 óbitos nos 20-40 anos de seguimento. Nas análises univariadas e de Cox, hipertensão intracraniana (razão de risco [HR]: 8,26; IC: 4,71, 14,49), cisticercose ocular (HR: 6,60; IC: 3,04, 14,33) e transtorno mental (HR: 3,98; IC: 2,22 , 7,13), mas não epilepsia (HR: 0,66; IC: 0,20, 2,18) foram associados com mortalidade. Mais da metade de todas as mortes nos primeiros 15 anos de acompanhamento foram atribuídas à cisticercose. Conclusões: Várias mortes ocorreram logo após a aquisição da infecção cisticercótica. Hipertensão intracraniana, cisticercose ocular e transtorno mental, mas não epilepsia, foram preditores de mortalidade nesta coorte.
ABSTRACT Background: The burden of premature mortality associated with human cysticercosis is largely ignored mainly due to poor record-keeping in Taenia solium endemic regions. Objective: To document mortality and survival characteristics of an historical cohort with cysticercosis. Methods: The years of onset of symptoms and death untill 1957 were extracted from published reports of a British military cohort (n=450) examined in London in the early twentieth century. Data were entered into a Kaplan Meier survival analysis with the presence (or absence) of clinical manifestations as independent variables, which were then fitted into a Cox proportional hazards model to determine their significance. Results: Cysticercosis was responsible for 24 (52.2%) of 46 deaths in the first 15 years of follow-up in comparison to 7 (19.4%) of 36 deaths in the 20-40 years of follow-up period. In the univariate and Cox analyses, intracranial hypertension (hazard ratio [HR]: 8.26; CI: 4.71, 14.49), ocular cysticercosis (HR: 6.60; CI: 3.04, 14.33), and mental disorder (HR: 3.98; CI: 2.22, 7.13) but not epilepsy (HR: 0.66; CI: 0.20, 2.18) were associated with mortality. Over half of all deaths in the first 15 years of follow-up were attributed to cysticercosis. Conclusions: Several deaths occurred early after acquiring cysticercotic infection. Intracranial hypertension, ocular cysticercosis, and mental disorder but not epilepsy were predictors of mortality in this cohort.