RESUMO INTRODUÇÃO: A terapia de ressincronização cardíaca (TRC) é uma modalidade terapêutica para pacientes com insuficiência cardíaca (IC). A eficácia desse tratamento para redução de eventos baseia-se em ensaios clínicos em que a população de pacientes com doença de Chagas (DC) é sub-representada. OBJETIVO: Avaliar o prognóstico após TRC em uma população em que a DC é uma causa frequente de IC. MÉTODOS: Coorte retrospectiva realizada entre janeiro de 2015 e dezembro de 2016, sendo incluídos pacientes portadores de IC com fração de ejeção do ventrículo esquerdo (Feve) menor que 35% e submetidos à TRC. Os dados clínicos e demográficos foram coletados para pesquisa de preditores para o desfecho combinado de morte ou internação por IC após implante da TRC. RESULTADOS: Foram avaliados 54 pacientes, dos quais 13 (24,1%) apresentavam a DC como etiologia da IC. A Feve média foi de 26,2% (±6,1) e 36 (66,7%) pacientes apresentavam classe funcional de IC III ou IV. Após o seguimento médio de 15 meses, 17 (32,1%) pacientes apresentaram o desfecho combinado. Na análise univariada, a DC esteve associada ao evento combinado quando comparada a outras etiologias de IC, 8 (47%) vs 9 (13,5%), RR: 3,91 IC: 1,46–10,45, p=0,007, assim como valores mais baixos da Feve. Na análise multivariada, a DC e a Feve permaneceram como fatores de risco independentes para o desfecho combinado. CONCLUSÃO: Em uma população de pacientes com IC submetidos à TRC, a doença de Chagas esteve independentemente associada à mortalidade e internação por insuficiência cardíaca no seguimento de 15 meses.
SUMMARY BACKGROUND: Cardiac resynchronization therapy (CRT) is a therapeutic modality for patients with heart failure (HF). The effectiveness of this treatment for event reduction is based on clinical trials where the population of patients with Chagas' disease (DC) is underrepresented. OBJECTIVE: To evaluate the prognosis after CRT of a population in which CD is an endemic cause of HF. METHODS: A retrospective cohort conducted between January 2015 and December 2016 that included patients with HF and left ventricular ejection fraction (LVEF) of less than 35% and undergoing CRT. Clinical and demographic data were collected to search for predictors for the combined outcome of death or hospitalization for HF at one year after CRT implantation. RESULTS: Fifty-four patients were evaluated, and 13 (24.1%) presented CD as the etiology of HF. The mean LVEF was 26.2± 6.1%, and 36 (66.7%) patients presented functional class III or IV HF. After the mean follow-up of 15 (±6,9) months, 17 (32.1%) patients presented the combined outcome. In the univariate analysis, CD was associated with the combined event when compared to other etiologies of HF, 8 (47%) vs. 9 (13,5%), RR: 3,91 CI: 1,46–10,45, p=0,007, as well as lower values of LVEF. In the multivariate analysis, CD and LVEF remained independent risk factors for the combined outcome. CONCLUSION: In a population of HF patients undergoing CRT, CD was independently associated with mortality and hospitalization for HF.