RESUMO OBJETIVO Decisões de limitação terapêutica (DLT) e de não reanimação (DNR) são difíceis, mas importantes, visando melhorar a qualidade de vida dos doentes e minimizar distanásia. O objetivo deste estudo foi avaliar a abordagem das DNR e DLT, as características dos doentes e a documentação dessas decisões numa Unidade de Cuidados Intensivos Polivalente (Ucip) em Portugal. MÉTODOS Análise retrospectiva dos dados referentes a DLT e DNR, recolhidos a partir de formulários previamente elaborados e complementados por consulta de processo clínico. RESULTADOS Um total de 1.602 doentes foi internado na Ucip entre 2011 e 2016. DNR foi documentada em 127 casos (7,9%). Doentes com DLT eram mais velhos e tinham um Simplified Acute Physiology Score II mais elevado. O diagnóstico mais frequente que precedeu essas decisões foi sepse (52,0%, n=66); A razão mais comum para limitar o tratamento foi mau prognóstico da doença aguda. Dos doentes nos quais a DNR foi implementada, 117 (92,1%) morreram na Ucip (40,1% do total de óbitos na Ucip) e a mortalidade hospitalar foi de 100%. Os intervenientes nessas decisões, bem como os tipos de tratamento retirados, não foram rotineiramente registrados. CONCLUSÃO As DLT e DNR foram relativamente comuns, em consonância com outros estudos do sul da Europa, mas atrás dos centros do norte da Europa e da América do Norte. Os doentes com essas limitações eram mais velhos e mais gravemente doentes. A documentação dessas decisões deve ser clara e detalhada, seja em formulários específicos, seja em registros clínicos informatizados. Há espaço para melhorias nessa área.
SUMMARY OBJECTIVE Treatment limitation, as well as do-not-resuscitate (DNR) directives, are difficult but important to improve patients’ quality of life and minimize dysthanasia. We aimed to study the approach to withholding, withdrawal, and DNR decisions, patients’ characteristics, and process documentation in a general Intensive Care Unit (ICU) in Portugal. METHODS A retrospective analysis of data regarding the limitation of treatment decisions collected from previously-designed forms and complemented by medical record consultation. RESULTS A total of 1602 patients were admitted to the ICU between 2011 and 2016. DNR decisions were documented in 127 cases (7.9%). Patients with treatment limitations were older and had higher Simplified Acute Physiology Score II. The most frequent diagnosis preceding these decisions was sepsis (52.0%, n = 66); the most common main reason for limiting treatment was a poor prognosis of acute illness. Of the patients to whom a DNR was implemented, 117 (92.1%) died in the ICU (40.1% of the total number of ICU deaths), and hospital mortality was 100%. Participants in these decisions, as well as types of treatment withdrawn and their respective timings, were not registered in medical records. CONCLUSION Treatment limitation and DNR decisions were relatively common, in line with other Southern European studies, but behind Northern European and North American centers. Patients with these limitations were older and more severely ill than patients without such decisions. Documentation of these processes should be clear and detailed, either in specific forms or computerized clinical records; there is room for improvement in this area.