Em experimentos conduzidos em câmaras de crescimento, com o cultivar suscetível de trigo BR 23 (Triticum aestivum L.) foram avaliadas as interações entre temperaturas e durações do período de molhamento contínuo das espigas sobre a intensidade da brusone (Pyricularia grisea). As temperaturas testadas foram de 10, 15, 20, 25, 30 e 35 ºC e os períodos de duração do molhamento das espigas de 0, 5, 10, 15, 20, 25, 30, 35 e 40 horas. Cada temperatura constituiu um experimento e as horas de molhamento os tratamentos. A menor intensidade da doença foi observada a 25 °C com 10 horas de molhamento das espigas. Com molhamentos inferiores a 10 horas de duração não se observaram sintomas da doença em nenhuma das temperaturas. Intensidade de doença superior a 85% foi detectada a 25 °C com 40 horas de molhamento. As variações de intensidade da brusone do trigo pela temperatura foram explicadas pelo modelo Beta generalizado e o de duração de molhamento das espigas pelo modelo de Gompertz. A intensidade da doença foi modelada em função da temperatura e da duração do molhamento das espigas. A equação resultante fornece uma descrição precisa da resposta a intensidade da brusone aos efeitos combinados de temperatura e de duração do molhamento. O modelo foi usado para elaborar tabelas de períodos críticos que podem ser utilizadas na validação de um modelo de previsão da brusone em espigas de trigo segundo o modelo climático.
Wheat (Triticum aestivum L.) blast caused by Pyricularia grisea is a new disease in Brazil and no resistant cultivars are available. The interactions between temperature and wetness durations have been used in many early warning systems. Hence, growth chamber experiments to assess the effect of different temperatures (10, 15, 20, 25, 30 and 35ºC) and the duration of spike-wetness (0, 5, 10, 15, 20, 25, 30, 35 and 40 hours) on the intensity of blast in cultivar BR23 were carried out. Each temperature formed an experiment and the duration of wetness the treatments. The highest blast intensity was observed at 30°C and increased as the duration of the wetting period increased while the lowest occurred at 25°C and 10 hours of spike wetness. Regardless of the temperature, no symptoms occurred when the wetting period was less than 10 hours but at 25°C and a 40 h wetting period blast intensity exceeded 85%. These variations in blast intensity as a function of temperature are explained by a generalized beta model and as a function of the duration of spike wetness by the Gompertz model. Disease intensity was modeled as a function of both temperature and the durations of spike wetness and the resulting equation provided a precise description of the response of P. grisea to temperatures and the durations of spike wetness. This model was used to construct tables that can be used to predict the intensity of P. grisea wheat blast based on the temperatures and the durations of wheat spike wetness obtained in the field.