RESUMO Neste artigo, argumento que o compromisso de Hume com objetos independentes da mente está baseado em dois tipos de realismo ou sistema de realidades: (a) um realismo ingênuo baseado em uma crença vulgar injustificada que identifica percepções e objetos, e (b) um realismo representacional ou sistema filosófico de dupla existência. Em primeiro lugar, enfatizo que a questão filosófica “Se existem ou não corpos” não pode ser considerada um caso completo de ceticismo não mitigado, porque Hume aceita um ceticismo mitigado compatível com o realismo vulgar e representacional. Além disso, argumento que, enquanto a crença vulgar nos corpos está baseada em um assentimento injustificado, a teoria da dupla-existência está baseada tanto em um assentimento injustificado quanto em um assentimento racionalmente justificado (que corrige o primeiro). Considerando todos esses pontos, concluo que o ceticismo mitigado de Hume permite e exige uma crença ou suposição de existências contínuas e distintas, e que isso deve, na prática, assumir formas vulgares e filosóficas em diferentes momentos.
ABSTRACT In this paper, I argue that Hume’s commitment to mind-independent objects is based on two types of realism or system of realities: (a) a naïve realism based on an unjustified vulgar belief which identifies perceptions and objects, and (b) a representational realism or philosophical system of double-existence. Firstly, I emphasize that the philosophical question “Whether there be body or not” cannot be considered a full case of unmitigated skepticism, because Hume accepts a mitigated skepticism compatible with both vulgar and representational realism. Furthermore, I argue that, while the vulgar belief in bodies is based on an unjustified assent, the double-existence theory is based on both an unjustified assent and a rationally justified assent (that corrects the former). Considering all these points, I conclude that Hume’s mitigated skepticism allows and requires a belief in or supposition of continued and distinct existences, and that this must, as a practical matter, take vulgar and philosophical forms at different times.