O artigo analisa a originalidade da transição demográfica no Brasil determinada pelos fortes desequilíbrios regionais e sociais. Ainda que única, enquanto um processo global que atinge toda a sociedade brasileira, a transição demográfica apresenta-se como múltipla, pois se manifesta diferentemente segundo as diversidades regionais e, principalmente, sociais. Nessa perspectiva, a transição demográfica está longe de ser considerada neutra: pode tanto criar possibilidades demográficas que potencializem o crescimento da economia e do bem-estar social da população, quanto ampliar as graves desigualdades sociais que marcam a sociedade brasileira. Essa situação torna-se mais complexa em função de o Brasil ainda estar inserido no grande ciclo de crescimento absoluto da sua população. Devido às desigualdades sociais e às correspondentes diferenças nas taxas de fecundidade total, a população mais pobre é a que mais tem crescido, com fortes conseqüências sobre as mudanças na estrutura etária. As relações entre os diversos indicadores da transição demográfica e a renda domiciliar per capita mostram que as diferenças sociais levam, no Brasil, a "desigualdades demográficas" maiores do que aquelas observadas entre as diferentes regiões. Seus benefícios, ou bônus demográficos, são distintos segundo os níveis sociais. Desse modo, a capacidade de a transição demográfica potencializar as transferências intergeracionais de recursos está intimamente associada à implementação de políticas que potencializem as transferências sociais desses mesmos recursos.
This article examines the idiosyncrasies of demographic transitions in Brazil caused by the extreme disparities among regions and socioeconomic groups. While ubiquitous, demographic transition in Brazil shows a number of different facets. It is far from being a neutral process and creates opportunities as well as broad socioeconomic disparities. Because of differences in fertility rates by SES, those in lower-income brackets constitute the fastest growing populational group, as well as the group with the youngest age distribution. This article argues that socioeconomic differences are related to demographic disparities. Therefore, the development of public policies to improve the well-being of the poorest may help increase demographic dividends for the entire population.
El artículo analiza la originalidad de la transición demográfica en Brasil determinada por los fuertes desequilibrios regionales y sociales. Aunque único, es un proceso global que alcanza a toda la sociedad brasileña, la transición demográfica se presenta como múltiple, pues se manifiesta en forma diferente, según las diversidades regionales y principalmente, sociales. Bajo esta perspectiva, la transición demográfica está lejos de ser considerada neutra: puede tanto crear posibilidades demográficas que potencien el crecimiento de la economía y del bienestar social de la población, como ampliar las graves desigualdades sociales que marcan a la sociedad brasileña. Esta situación se torna más compleja en función de que Brasil aún se encuentra inserto en el gran ciclo de crecimiento absoluto de su población. Debido a las desigualdades sociales y a las correspondientes diferencias en las tasas de fecundidad total, la población más pobre es la que más ha crecido, con fuertes consecuencias sobre los cambios en la estructura etaria. Las relaciones entre los diversos indicadores de la transición demográfica y los ingresos domiciliarios per cápita muestran que las diferencias sociales llevan en Brasil, a "desigualdades demográficas" mayores que aquéllas observadas entre las diferentes regiones. Sus beneficios, o bonos demográficos, son distintos según los niveles sociales. De este modo, la capacidad de que la transición demográfica potencie las transferencias intergeneracionales de recursos, está íntimamente asociada a la implementación de políticas que potencien las transferencias sociales de esos mismos recursos.