A idéia central deste artigo é apontar o papel fundamental de alguns aspectos do pensamento romântico na compreensão da relação entre artista e sociedade, exposta criticamente por Thomas Mann em seu romance Doktor Faustus. Nessa perspectiva, considera-se que uma exacerbação deformadora da tradição romântica - nos moldes em que ela é sugerida no romance e na trajetória do protagonista, o músico Adrian Leverkühn - é, enquanto ponto em comum da avaliação de Mann sobre o papel social do artista, sobre o caráter hermético da estética moderna e a decadência existencial e artística do protagonista do romance, um aspecto decisivo para entendimento da problematização da relação entre arte e sociedade ali apresentada. A estrutura do artigo propõe o entendimento da relevância desta influência romântica nos rumos da arte moderna a partir de três ângulos distintos e complementares. Nomeadamente: as considerações estéticas e políticas do intelectual Thomas Mann; as relações entre o Romantismo e a dissolução do sistema tonal na música moderna e, por fim, o intelectualismo estéril e mudo da arte de Leverkühn. A idéia desta divisão é, pois, passando pela dimensão sócio-política da reflexão crítica (auto-avaliação do autor) e pela dimensão estética (as transformações dentro do sistema tonal da música erudita), contemplar os dois elementos fundamentais que estruturam o romance e vislumbrar mais nitidamente a proposição crítica da elaboração literária de tais questões.
The central idea of this article is to point at the fundamental role of some aspects of the romantic intellectual tradition for the understanding of the relation between the artist and society critically exposed by Thomas Mann in his novel Doktor Faustus. In this perspective, it is considered that an exacerbation deforming the romantic tradition is - in the ways this is suggested in the novel and in the trajectory of the protagonist, the musician Adrian Leverkühn - a common point between Mann's evaluation of the social role of the artist, the hermetic character of modern aesthetics and of an existential and artistic decadence of the novel's protagonist, a decisive aspect for the understanding of the problematic relation between art and society here presented. The structure of the article proposes the understanding of the relevance of this romantic influence in modern art from the viewpoint of three different and complementary angles, i.e. the aesthetic and political considerations of the intellectual Thomas Mann; the relations between romanticism and the dissolution of the tonal system in modern music and, finally, the sterile and mute intellectualism of Leverkühn's art. The idea of this division is hence the contemplation of two fundamental elements that structure the novel by passing through the socio-political dimension of critical reflection (self-analysis of the author) and the aesthetical dimension (the transformations within the tonal system of erudite music) and, from this perspective, the article seeks to elucidate the critical proposal of a literary elaboration of such questions.
Die zentrale Idee dieses Artikels ist es, die fundamentale Rolle einiger Aspekte des romantischen Denkens aufzuzeigen, die im Verständnis der Beziehung zwischen Künstler und Gesellschaft von Thomas Mann in seinem Roman Doktor Faustus kritisch exponiert werden. In dieser Perspektive wird erörtert, dass eine deformierende negative Überspannung der romantischen Tradition - auf die Weise, wie sie im Roman und in der Entwicklung des Protagonisten, des Musikers Adrian Leverkühn vorgestellt wird -, als Gemeinsamkeit zwischen der Beurteilung der sozialen Rolle des Künstlers durch Mann, dem hermetischen Charakter der modernen Ästhetik und der existentiellen und künstlerischen Dekadenz des Romanprotagonisten, ein entscheidender Aspekt für das Verständnis der Problematisierung der Beziehung zwischen Kunst und Gesellschaft, wie sie hier präsentiert wird, ist. Die Struktur des Artikels stellt das Verständnis der Relevanz dieses romantischen Einflusses in den Kontexten moderner Kunst ausgehend von drei verschiedenen und komplementären Sichtweisen vor. Genauer gesagt: die ästhetischen und politischen Betrachtungen des Intellektuellen Thomas Mann; die Beziehungen zwischen der Romantik und der Dissolution des tonalen Systems in der modernen Musik und, schließlich, der sterile und stumme Intellektualismus der Kunst von Leverkühn. Die Idee dieser Aufteilung ist es demnach anhand der sozio-politischen Dimension der kritischen Reflexion (Selbstbetrachtung des Autors) und anhand der ästhetischen Dimension (die Transformationen innerhalb des tonalen Systems der klassischen Musik) die zwei fundamentalen Elemente zu betrachten, die den Roman strukturieren und so das kritische Vermögen der literarischen Elaboration solcher Fragen stärker zu beleuchten.