OBJETIVOS: Hiperglicemia induzida por estresse ocorre com freqüência em pacientes criticamente doentes e tem sido associada a aumento de mortalidade e morbidade tanto em pacientes diabéticos, quanto em não diabéticos. O objetivo deste estudo foi avaliar o perfil e prognóstico a longo prazo dos pacientes críticos que recebem terapia insulínica contínua na unidade de terapia intensiva. MÉTODOS: Coorte prospectiva, em que foram estudados os pacientes internados na unidade de terapia intensiva no período de 1 ano. Foram analisadas variáveis demográficas, escores de gravidade e o prognóstico a curto na unidade de terapia intensiva, e a longo prazo (2 anos da alta da unidade de terapia intensiva). Os pacientes foram classificados em 2 grupos: pacientes que receberam terapia insulínica contínua para controle glicêmico indicada pela equipe da unidade de terapia intensiva e pacientes que não receberam terapia insulínica. RESULTADOS: Dos 603 pacientes incluídos no estudo, 102 (16,9%) receberam terapia insulínica contínua, objetivando níveis glicêmicos <150 mg/dL e 501 pacientes (83,1%) não receberam insulina contínua. Os pacientes que necessitaram terapia insulínica contínua eram mais graves que os do grupo não necessitou de terapia insulínica: escore APACHE II (14 ±3 versus 11 ±4; p =0,04), escore SOFA (4,9 ±3,2 versus 3,5 ±3,4; p <0,001) e TISS das 24h (25,7 ±6,9 versus 21,1 ±7,2; p <0,001). Os pacientes do grupo que recebeu terapia insulínica contínua tiveram também pior prognóstico: insuficiência renal aguda (51% versus 18,5%; p <0,001), polineuropatia da doença crítica (16,7% versus 5,6%; p <0,001)] e maior mortalidade [na unidade de terapia intensiva (60,7% versus 17,7%; p <0,001) e 2 anos após a alta da unidade de terapia intensiva (77,5% versus 23,4%; p <0,001). CONCLUSÃO: A necessidade de controle glicêmico rigoroso através do uso de protocolos de insulina contínua é um marcador de gravidade e de pior prognóstico dos pacientes internados na unidade de terapia intensiva, refletindo também maior mortalidade a longo prazo.
OBJECTIVES: Stress-induced hyperglycemia is frequent in critically ill patients and has been associated with increased mortality and morbidity (both in diabetic and non-diabetic patients). This study objective was to evaluate the profile and long-term prognosis of critically ill patients undergoing tight glucose-control. METHODS: Prospective cohort. All patients admitted to the intensive care unit over 1-year were enrolled. We analyzed demographic data, therapeutic intervention, and short- (during the stay) and long-term (2 years after discharge) mortality. The patients were categorized in 2 groups: tight glucose control and non-tight glucose-control, based on the unit staff decision. RESULTS: From the 603 enrolled patients, 102 (16.9%) underwent tight control (glucose <150 mg/dL) while 501 patients (83.1%) non-tight control. Patients in the TGC-group were more severely ill than those in the non-tight control group [APACHE II score (14 ± 3 versus 11 ± 4, P=0.04), SOFA (4.9 ± 3.2 versus 3.5 ± 3.4, P<0.001) and TISS-24h (25.7 ± 6.9 versus 21.1 ± 7.2, P< 0.001)]. The tight control group patients also had worse prognosis: [acute renal failure (51% versus 18.5%, P<0.001), critical illness neuropathy (16.7% versus 5.6%, P<0.001)] and increased mortality (during the ICU-stay [60.7% versus 17.7%, P<0.001] and within 2-years of the discharge [77.5% versus 23.4%; P<0.001]). CONCLUSION: Critically ill patients needing tight glucose control during the unit stay have more severe disease and have worse short and long-term prognosis.