RESUMO A ética é um tema constante na obra de Gilles Deleuze, ainda que aparentemente não figure como assunto principal de nenhum de seus livros. Isso se explica, pois, para ele, a filosofia prática, formada pela ética e pela política, é coextensiva a toda a filosofia. Por um lado, não há um aspecto puramente teórico ou especulativo da filosofia; por outro lado, a ética não é uma dentre outras disciplinas filosóficas, mas a sua dimensão prática e sempre presente, não havendo qualquer motivo para que seja tratada em separado. Sendo assim, abordar a ética em Deleuze exige percorrer todos os seus escritos e escolher uma chave de leitura. Aqui, pretende-se explorar como Deleuze lança as bases para a sua própria concepção de ética a partir da grande identidade Spinoza-Nietzsche produzida por ele. Propõe-se uma fórmula para a ética em Deleuze: um corpo que experimenta e avalia. Dessa fórmula, destaca-se o primeiro eixo a ser trabalhado: a ética deleuziana como ética do corpo. O segundo eixo é a importante oposição entre ética e moral. O terceiro, a relação entre ética e ontologia. E o quarto e último eixo, a formação ética como aprendizado contínuo.
ABSTRACT Ethics is a constant theme in Gilles Deleuze’s philosophy, even though it does not seem to figure as the main subject in his books. This happens because, according to him, practical philosophy - formed both by ethics and politics - is coextensive to philosophy as a whole. On the one hand, there is no purely theoretical or speculative philosophy; on the other hand, ethics is not one amongst other philosophical disciplines, but its practical and always present dimension, there being no reason to be treated separately. Thus, to approach ethics in Deleuze’s thought means to go through all his writings to choose one key. The aim of this paper is to explore how Deleuze launches what he calls a great Spinoza-Nietzsche identity as the key, the basis for his conception of ethics. A formula is proposed for ethics in Deleuze’s philosophy: a body that experiments and evaluates. From this formula, a first axis to be worked is highlighted: Deleuzean ethics as a body ethics. The second axis lies on the important opposition between ethics and morals. A third axis is the relation between ethics and ontology. Finally, a fourth and last axis is ethical formation understood as continuous apprenticeship.