OBJETIVO: Avaliar a influência da idade, da gravidade da doença e das intervenções terapêuticas na maior letalidade hospitalar do infarto agudo do miocárdio (IAM) em mulheres. MÉTODOS: Estudo de coorte retrospectivo, envolvendo 388 pacientes com IAM (50 óbitos). Foram avaliadas, como possíveis explicações para a associação entre sexo e letalidade hospitalar do IAM, as variáveis: idade (<60 vs > ou = 60 anos), duração de sintomas, classe de Killip, tipo de IAM (com ou sem ondas Q), comorbidades, história de acidente vascular cerebral e intervenções terapêuticas para o IAM (ácido acetil-salicílico, betabloqueadores e agentes trombolíticos). Modelos de regressão logística foram usados para avaliar a influência de potenciais variáveis confundidoras na associação entre sexo e letalidade hospitalar do IAM. RESULTADOS: A letalidade hospitalar do IAM foi mais alta em mulheres (19,5% vs 9,4%) do que em homens (odds ratio (OR)= 2,34; IC 95%= 1,12-4,47). Embora as mulheres fossem significantemente (p<0,01) mais idosas, a associação entre sexo e morte reduziu-se em apenas 15% após ajuste para idade (OR= 1,99; IC 95 %= 1,07-3,67). Esta associação tornou-se mais fraca ao se considerar a gravidade da doença na admissão (OR= 1,84; IC 95%= 0,90-3,74) e intervenções terapêuticas para o IAM (OR= 1,50; IC= 0,67-3,38). CONCLUSÃO: Diferenças de idade não podem explicar completamente a maior letalidade do IAM em mulheres. A gravidade da doença na admissão e diferenças de abordagem terapêutica devem desempenhar importante papel na maior letalidade hospitalar do IAM em mulheres.
PURPOSE: To assess the influence of age, disease severity at admission and therapeutic interventions on the higher in-hospital case-fatality rate of acute myocardial infarction (MI) in women. METHODS: A retrospective cohort study involving a total of 388 acute MI patients (50 deaths). The following variables were treated as possible explanatory factors for the association between gender and case-fatality rate of acute MI: age (<60 vs > or = 60 years), duration of symptoms, Killip class, type of infarction (Q wave vs non-Q wave), comorbidities, previous history of stroke and specific therapeutic interventions for acute MI (aspirin, beta-blocking drugs, and thrombolytic agents). Logistic regression models were used to assess the influence of potential confounders on the association between gender and in-hospital death. RESULTS: The in-hospital case-fatality rate of acute MI was higher in women (19.5% vs 9.4%) than in men (odds ratio (OR) = 2.34; 95% CI= 1.12-4.47). Although women were significantly older than men (p<0.01), the association between gender and death was reduced only by 15 percent after adjusting for age (OR=1.99; 95% CI= 1.07-3.67). This association became weaker after taking into account disease severity at admission (OR=1.84; 95% CI= 0.90-3.74) and therapeutic interventions for acute MI (OR=1.50; 95% CI= 0.67-3.38). CONCLUSION: Differences in age cannot fully explain the higher case-fatality rate in women than in men with acute MI. Severity of disease at admission and differences in therapeutic interventions might play an important role in the higher case-fatality rate of acute MI among women.