O objetivo do artigo é sistematizar dados e informações recentes sobre a economia indiana, no sentido de caracterizar o contemporâneo modelo de crescimento indiano, aqui chamado de "novo crescimento", avaliando suas fontes, lógicas, setores e atores, bem como sua inter-relação com setores específicos da sociedade indiana, como as estruturas sociais, o Estado e o setor público, a agricultura e o mundo rural, e, ainda, sobre as dinâmicas de inserção internacional. Essa sistematização visa averiguar as condições e perspectivas de sustentabilidade econômica do modelo de crescimento em curso, considerando também os desafios imediatos colocados pela crise financeira internacional. A análise aponta para a existência de condições concretas de sustentabilidade econômica do modelo indiano, baseada na perspectiva de expansão de seus setores dinâmicos, como o setor de exportação de serviços tecnológicos e de manufaturas destinadas ao mercado interno. Evoluções paralelas relacionadas à transição demográfica, à disponibilidade interna de poupança e de investimento, ao crescimento das novas classes médias, às perspectivas de continuidade de oferta de investimentos estrangeiros e de conexão com as cadeias produtivas globais, além da identificação de dinâmicas sociais de transformação e adaptabilidade, reiteram a existência de condições de sustentabilidade do atual modelo de crescimento. Entretanto, não se trata de uma sustentabilidade sem riscos, ao serem identificados também desafios de percurso importantes, como a tarefa de garantir-se a sustentabilidade financeira do Estado indiano e a consequente viabilização dos importantes investimentos em infraestrutura, educação e inovação, capazes de garantir as necessárias condições de estabilidade, absorção de mão de obra, crescimento equitativo, oferta de mão de obra qualificada e inovação, além de segurança alimentar. Essas tendências de adaptabilidade dialogam com as recorrentes interpretações elaboradas sobre a economia e a sociedade indiana que enfatizam seu extremo particularismo, focando aspectos como pobreza, arcaísmo, rigidez social, instabilidade política, diversidade cultural, entre outros elementos que dificultariam a mobilização da ação coletiva e a sustentabilidade do modelo de crescimento.
This paper aims to systematize recent data and information on the Indian economy, in order to characterize the contemporary Indian growth model, here called "the new Hindu growth". For this, it will be necessary to evaluate its source, its logics, main dynamic sectors and actors, as well its impacts on specific sectors such as the traditional society, the State and the public sector, agriculture and the rural society, and also the Indian foreign policy and its international insertion pattern. This interpretation aims to enquire the conditions and prospects for economic sustainability of this growth model, also considering the short term challenges brought by the international crisis. The analysis is based on updated data collected from reports and public documents produced by government and market institutions dedicated to the monitoring of the Indian economy, as well the various sectorial impacts of the new growth model. The analysis points to the existence of the concrete conditions of economic sustainability for the Indian model, based on the prospect of expanding their dynamic factors, such as the export from the technological services sector, the new urban middle classes, renewed market structures, the integration in global production chains, modernization of agriculture, in a clear perspective of transformation and adaptability. These identified trends dialogue with the common interpretations on the Indian economy and society emphasizing its "particularism" and diversity, what would make difficult to mobilize the collective action towards the sustainability of a growth model based on increasing international integration.