Resumo O mundo tem assistido a um fenômeno social presente na história da humanidade desde seus primórdios, mas atualmente com proporções e impactos ainda desconhecidos: os grandes deslocamentos populacionais, envolvendo pessoas que passam a ser classificadas como refugiados. De acordo com a ONU, mais de 75 milhões de pessoas se encontravam nesta situação em todo o mundo no final de 2017, uma quantidade jamais vista anteriormente (UNHCR, 2017). Desde 1951, mais de 147 países, dentre eles o Brasil, assinam o Estatuto dos Refugiados da Convenção das Nações Unidas que estabelece obrigações aos governos signatários para que ofereçam aos refugiados condição de trabalho legal e seguro. Desta forma, este estudo tem por objetivo investigar a percepção dos refugiados de diferentes origens sobre os processos e as dificuldades de inserção na sociedade brasileira e em seu mercado de trabalho. Os processos em foco tratam de temas como as barreiras burocráticas, as diferenças culturais, as questões étnico-raciais e o desconhecimento do idioma, entre outros Para a condução da pesquisa, optamos pela metodologia qualitativa, por meio de entrevistas em profundidade, realizadas no Rio de Janeiro, com refugiados de diferentes nacionalidades, de ambos os gêneros. Entre os principais resultados, nota-se a existência de uma distância entre as políticas públicas e as práticas que envolvem os refugiados no meio laboral; além da discriminação sentida pelos entrevistados por parte da população, empregadores e autoridades, o que apontou um contexto multicultural e não intercultural. Apesar dos desafios os entrevistados dizem pretender continuar vivendo e trabalhando no Brasil.
Abstract The world has recently witnessed a social phenomenon that has been present during the entire history of humanity, but has now taken on greater proportions and impact: the large population displacements of refugees. According to the United Nations, more than 75 million people were in this situation worldwide at the end of 2017, a figure never observed before (UNHCR, 2017). Since 1951, more than 147 countries, including Brazil, have signed the United Nations Refugee Convention, which established obligations for signatory governments to provide refugees with legal and safe working conditions. Considering this context, this study aims to investigate the perceptions of refugees of different origins regarding the processes and difficulties of integrating into Brazilian society and labor market. The processes deal with bureaucratic barriers, cultural differences, ethnic-racial issues, and language, among others. The study uses a qualitative approach consisting of eight interviews in the city of Rio de Janeiro with refugees of a variety of nationalities and both genders. The results show that these respondents perceive a gap between public policies and practices involving refugees in the workplace, and also discrimination by the population, employers, and authorities, describing a multicultural rather than an intercultural context. Despite these challenges, respondents say they intend to continue living and working in Brazil.
Resumen El mundo ha sido testigo de un fenómeno social presente en la historia de la humanidad desde sus inicios, pero actualmente con proporciones e impactos aún desconocidos: los grandes desplazamientos poblacionales, que involucran a personas que ahora están clasificadas como refugiados. Según la ONU, más de 75 millones de personas se encontraban en esta situación en todo el mundo a fines de 2017, una cantidad nunca antes vista (UNHCR, 2017). Desde 1951, más de 147 países, incluso Brasil, han firmado el Estatuto de los Refugiados de la Convención de las Naciones Unidas, que establece obligaciones para los gobiernos signatarios de ofrecer a los refugiados condiciones de trabajo legales y seguras. Así, este estudio tiene como objetivo investigar la percepción de los refugiados de diferentes orígenes sobre los procesos y las dificultades de inserción en la sociedad brasileña y en el mercado laboral. Los procesos en foco abordan temas como las barreras burocráticas, las diferencias culturales, los problemas étnico-raciales y el desconocimiento del idioma, entre otros. Para realizar la investigación, optamos por la metodología cualitativa, a través de entrevistas en profundidad, realizadas en la ciudad de Río de Janeiro, con refugiados de diferentes nacionalidades, de ambos géneros. Entre los principales resultados, se observaron una distancia entre las políticas públicas y las prácticas que involucran a los refugiados en el medio laboral; además de la discriminación que sienten los entrevistados por parte de la población, los empleadores y las autoridades, lo que señaló un contexto multicultural y no intercultural. A pesar de los desafíos, los entrevistados dicen que tienen la intención de seguir viviendo y trabajando en Brasil.