RESUMO OBJETIVO Sistematizar e analisar evidências levantadas por estudos de natureza qualitativa que abordam a percepção do ACS sobre seu trabalho. MÉTODOS Revisão sistemática, tipo metassíntese, sobre o trabalho dos agentes comunitários de saúde, realizada a partir da Biblioteca Virtual em Saúde utilizando os descritores “Agente Comunitário de Saúde” e “Trabalho”. A estratégia foi construída cruzando descritores, usando o operador booleano “AND”, e filtrando artigos brasileiros, publicados de 2004 a 2014, resultando em 129 artigos identificados. Foram excluídos artigos de pesquisas quantitativas ou quanti-qualitativas, ensaios, debates, revisões da literatura, relatos de experiências e pesquisas que não incluíram os ACS como sujeitos. Aplicando esses critérios, foram selecionados e analisados 33 estudos que possibilitaram: identificação de temas comuns e diferenças entre eles; agrupamento de principais conclusões; classificação de temas e interpretação de conteúdo. RESULTADOS A análise resultou em três unidades temáticas: Características do trabalho dos agentes comunitários de saúde; Problemas relacionados ao trabalho dos agentes comunitários de saúde; Aspectos positivos do trabalho dos agentes comunitários de saúde. Sobre as características, evidenciou-se que o trabalho dos agentes comunitários de saúde é permeado pelas dimensões política e social do trabalho em saúde com uso predominante de tecnologias leves, tendo como principal insumo o conhecimento que esse profissional obtém junto às famílias, sendo a visita domiciliar o palco para o desenvolvimento desse contato. Sobre os problemas no trabalho dos agentes comunitários de saúde, foram identificados: falta de limites em suas atribuições; condições precárias; obstáculos na relação com a comunidade e equipes; fragilidade na formação profissional e burocratização. Os aspectos positivos identificados foram: reconhecimento do trabalho pelas famílias e resolutividade, formação de vínculo, trabalho junto aos pares e perto da residência. CONCLUSÕES Essa revisão teceu um panorama sobre as dificuldades e aspectos positivos que se apresentam no cotidiano de trabalho dos agentes comunitários de saúde. Frente a isso, levantou dois desafios. O primeiro se refere à necessidade de apropriação dos resultados das pesquisas pelos formuladores de políticas públicas e, o segundo, à necessidade de investimento em estudos que se voltem para engendrar soluções para as dificuldades enfrentadas pelos agentes comunitários de saúde no seu trabalho.
ABSTRACT OBJECTIVE To systematize and analyze the evidence from qualitative studies that address the perception of Brazilian Community Health Agents about their work. METHODS This is a systematic review of the meta-synthesis type on the work of community health agents, carried out from the Virtual Health Library using the descriptors “Agente Comunitário de Saúde” and “Trabalho”, in Portuguese. The strategy was constructed by crossing descriptors, using the Boolean operator “AND”, and filtering Brazilian articles, published from 2004 to 2014, which resulted in 129 identified articles. We removed quantitative or quanti-qualitative research articles, essays, debates, literature reviews, reports of experiences, and research that did not include Brazilian Community Health Agents as subjects. Using these criteria, we selected and analyzed 33 studies that allowed us to identify common subjects and differences between them, to group the main conclusions, to classify subjects, and to interpret the content. RESULTS The analysis resulted in three thematic units: characteristics of the work of community health agents, problems related to the work of community health agents, and positive aspects of the work of community health agents. On the characteristics, we could see that the work of the community health agents is permeated by the political and social dimensions of the health work with predominant use of light technologies. The main input is the knowledge that this professional obtains with the contact with families, which is developed with home visits. On the problems in the work of community health agents, we could identify the lack of limits in their attributions, poor conditions, obstacles in the relationship with the community and teams, weak professional training, and bureaucracy. The positive aspects we identified were the recognition of the work by families, resolution, bonding, work with peers, and work close to home. CONCLUSIONS This review provided an overview of the difficulties and positive aspects that are present in the daily work of community health agents. Given this, we have raised two challenges. The first one refers to how public policy makers need to appropriation the research results and the second one refers to the need to invest in studies that are designed to generate solutions for the difficulties faced by community health agents in their work.