Resumo OBJETIVO: Avaliar fatores nutricionais e psicológicos associados com a ocorrência da prática da picamalácia em gestantes atendidas em maternidade pública do Rio de Janeiro, Brasil. MÉTODOS: Estudo descritivo, de caráter exploratório, realizado com 13 gestantes (idades entre 16 e 40 anos) com diagnóstico de picamalácia na gestação atual identificada em entrevista padronizada na consulta com nutricionista que abordava questões sobre ocorrência e frequência do transtorno, além dos tipos de substâncias ingeridas. Após assinarem o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), todas as gestantes passaram por avaliação nutricional e, posteriormente, sete foram submetidas à avaliação psicológica com instrumentos padronizados para medida de ansiedade e estresse, além da avaliação de estratégias de enfrentamento (coping ) diante de estressores. RESULTADOS: As práticas de picamalácia mais referidas foram pagofagia (30,8%) e fruta com sal (30,8%). Observou-se ocorrência de algum grau de estresse e ansiedade em todas as gestantes com picamalácia, assim como alguma comorbidade (69,2%) e sintomatologia digestiva (84,6%). As estratégias decoping mais prevalentes foram "focada em práticas religiosas/pensamento fantasioso" e "busca de suporte social", ambas com 42%. CONCLUSÃO: Considerando que a picamalácia pode associar-se com maior risco perinatal, é fundamental que essa prática seja investigada durante o atendimento pré-natal e que ocorra a adoção de práticas preventivas obstétricas, psicológicas e nutricionais para reduzir complicações para a mãe e o concepto.
Abstract PURPOSE: To evaluate the nutritional and psychological factors associated with the occurrence of the practice of pica in pregnant women attending a public hospital in Rio de Janeiro, Brazil. METHODS: The study was based on a descriptive design with exploratory features, and conducted on 13 adult and adolescent pregnant women aged 16 to 40 years with a diagnosis of pica in the current pregnancy. Pica was diagnosed by a nutritionist in a standardized interview situation, when questions about the occurrence and frequency of pica, and types of substance ingestion were investigated. After signing the Informed Consent Form (ICF), all participants were evaluated by a nutritionist and seven of them were submitted to psychological assessment with standardized instruments to evaluate stress and anxiety, and to assess coping strategies. RESULTS: The type of pica most frequently reported was pagophagia (30.8%) and the consumption of fruit with salt (30.8%). The most prevalent coping strategies were "religious practice-focused" and "seeking social support", both presented by 42% of the pregnant women. We observed the occurrence of some degree of stress and anxiety in all pregnant women, as well as comorbidities (69.2%) and gastrointestinal symptoms (84.6%). CONCLUSION: Considering that pica may be associated with increased perinatal risk, it is very important to investigate this disorder during prenatal care, and to dopt obstetric, psychological and nutritional preventive practices to reduce the complications for mother and fetus.