Objetivo: Determinar a incidência e a taxa de aloimunização eritrocitária em pacientes politransfundidos. Métodos: Foram classificados como politransfundidos todos os pacientes que receberam no mínimo 6 unidades de concentrado de hemácias no período de 3 meses. Foram examinados retrospectivamente os prontuários de todos os pacientes (n = 12.904) que receberam transfusões de unidades de hemácias procurados nas bases de dados computadorizados do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo (SP), no período de 6 anos, entre 2003 e 2009. Resultados: Nesse período foram realizadas 77.049 transfusões de concentrado de hemácias em 12.904 pacientes. Os pacientes politransfundidos totalizaram 3.044, sendo que 227 (7,5%) apresentam anticorpos eritrocitários irregulares. A prevalência da especificidade dos aloanticorpos encontrados nos 227 pacientes politransfundidos foi: Anti-E>anti-D>anti-K>anti-C>anti-Dia>antic>anti-Jka>anti-S. Em 79 pacientes (34,8%) foram encontradas associações de aloanticorpos e as combinações mais frequentes foram dos anticorpos dos sistemas Rh e/ou Kell. Esses anticorpos têm importância clínica, pois podem causar reações transfusionais hemolíticas tardias e doença hemolítica perinatal. Cerca de 20% dos pacientes apresentavam autoanticorpo IgG isolado ou em associação com aloanticorpos. Um achado interessante neste estudo foi a alta incidência de anticorpos contra antígenos de baixa frequência, com predomínio anti-Dia. Conclusão: Pacientes politransfundidos têm alta probabilidade de desenvolver aloanticorpos isolados ou em associação com autoanticorpos e anticorpos contra antígenos de baixa frequência. A transfusão de concentrado de hemácias com fenótipo compatível para os antígenos RH (C, E, c), K, Fya, e Jka deve ser recomendada para o grupo de pacientes politransfundidos, com objetivo de evitar a aloimunização e a reação transfusional hemolítica.
Objective: To determine the incidence and the rate of red blood cell alloimmunization in polytransfused patients. Methods: A polytransfused patient was defined as having received at least 6 units of red cell concentrates during a 3-month period. The records of all patients (n = 12,904) who had received red blood cell units were examined retrospectively by searching the computer database at Hospital Israelita Albert Einstein in São Paulo, Brazil, over a 6-year period, between 2003 and 2009. Results: During this time, 77,049 red cell concentrate transfusions were performed in 12,904 patients. There were 3,044 polytransfused patients, 227 of whom (7.5%) presented with irregular erythrocyte antibodies. The prevalence of alloantibody specificity was: Anti-E>anti-D>anti-K>anti-C>anti-Dia>anti-c>anti-Jka>anti-S in 227 polytransfused patients. We found combinations of alloantibodies in 79 patients (34.8%), and the most common specificities were against the Rh and/or Kell systems. These antibodies show clinical significance, as they can cause delayed hemolytic transfusion reactions and perinatal hemolytic disease. About 20% of the patients showed an IgG autoantibody isolated or combined with alloantibodies. Interestingly, a high incidence of antibodies against low frequency antigens was detected in this study, mainly anti-Dia. Conclusion: Polytransfused patients have a high probability of developing alloantibodies whether alone or combined with autoantibodies and antibodies against low frequency antigens. Transfusion of red blood cells with a phenotype-compatible with RH (C, E, c), K, Fya, and Jka antigens is recommended for polytransfused patients in order to prevent alloimmunization and hemolytic transfusion reactions.