Resumo Na pesquisa que deu origem a este artigo, realizada na cidade do Rio de Janeiro, de 2013 a 2015, analisaram-se os funcionamentos das instituições em relação às cenas de uso de crack e as pessoas que as frequentam, com o objetivo de torná-los inteligíveis. Na perspectiva do encontro entre o Consultório na Rua e aquelas pessoas presentes nessas cenas e que se tornaram, ou não, suas usuárias, joga-se luz sobre as relações tecidas entre essa população e o crack , o próprio Consultório na Rua e instituições como a polícia, a assistência social e outros serviços de saúde. Com base nos dados produzidos pela etnografia, podem ser compreendidos dois polos de ação institucional: um que se aproxima do fazer morrer ou deixar viver, exercendo mesmo um poder soberano de decisão; e aquele segundo o qual a instituição se oferece como apoio existencial e, para tanto, modifica-se a partir do encontro com aquelas pessoas que busca atender. Conclui-se que as inovações, existentes e possíveis, nos serviços de saúde decorrem desse funcionamento no qual as instituições, por meio do que se chamou ‘responsabilidade institucional’, se abrem às transformações acionadas por uma ‘potência minoritária’.
Abstract In the research that originated this article, which was performed in the city of Rio de Janeiro, Brazil, between 2013 and 2015, we analyzed the work of the institutions regarding the crack scenes and the people who attend those institutions, with the goal of making them intelligible. In the perspective of the encounter between the Doctor’s Office in the Street (Consultório na Rua, in Portuguese) and those people present in those scenes who either have become users or not, we shed light on the relationships developed between this population and crack, between the Doctor’s Office in the Street and institutions such as the Police, social aid and other health services. Based on the data produced with the ethnography, one can comprehend two hubs for institutional action: one that is close to making someone die or letting them live, which indeed has a sovereign decision power, and the one according to which the institution offers itself as existential support and, therefore, changes after the encounter with those people it means to care for. We conclude that the existing and possible innovations in the health services are due to this way of working in which the institutions, through what was called ‘institutional responsibility,’ open themselves to transformations triggered by a ‘minority power.
Resumen En la investigación que dio origen a este artículo, realizada en la ciudad de Rio de Janeiro, Brasil, entre el 2013 y el 2015, se analizó el funcionamiento de las instituciones relacionadas a los ambientes de uso de crack y a las personas que los frecuentan, con el objetivo de hacerlas inteligibles. Desde la perspectiva del encuentro entre el Consultorio en la Calle y las personas presentes en estos ambientes que se convirtieron, o no, es sus usuarios, se buscan esclarecer las relaciones establecidas entre esta población y el crack, el propio Consultorio en la Calle e instituciones como la policía, la asistencia social y otros servicios de salud. Con base en los datos producidos a partir de la etnografía, se pueden distinguir dos polos de acción institucional: uno más cercano a provocar la muerte o dejar vivir, ejerciendo incluso un poder soberano de decisión; y otro de acuerdo con el cual la institución se ofrece como apoyo existencial, para lo cual se modifica a partir del encuentro con aquellas personas a las que busca atender. Se concluye que las innovaciones existentes y posibles en los servicios de salud, se derivan de este funcionamiento a partir del cual las instituciones, por medio de lo que se llamó ‘responsabilidad institucional’, se abren a las transformaciones promovidas por una ‘potencia minoritaria’.