RESUMO Objetivo Estimar a magnitude da associação entre a exposição a agrotóxicos e o risco de alteração da função coclear de estudantes expostos a agrotóxicos. Método Neste estudo, foram avaliados indivíduos entre 8-30 anos, de ambos os gêneros, residentes em área de intensa utilização de agrotóxicos no município de Nova Friburgo, Estado do Rio de Janeiro. Cada participante do estudo respondeu a um questionário para aferir o grau de exposição a agrotóxicos. Para avaliação da função coclear, foram realizados os exames de audiometria, emissões otoacústicas evocadas por estímulo transiente (EOAET) e por produto de distorção (EOAPD). Resultados As respostas das EOAET foram, em média, menores nas altas frequências, especialmente 2,0 e 4,0 kHz, e, nestas frequências, também menores entre os indivíduos mais expostos. Padrão similar foi observado para as respostas das EOAPD. Para estas, o menor nível de resposta foi observado na frequência de 6 kHz, no grupo com maior escore de exposição. A proporção de falhas observadas em mais de uma frequência nas EOAET, na OD, no grupo de maior exposição, foi significativamente superior àquela observada no grupo menos exposto. No teste das EOAPD, o percentual de falhas também foi superior no grupo de maior exposição, quando comparado ao de menor exposição. Conclusão Os resultados sugerem que a exposição a agrotóxicos pode contribuir significativamente para alterações da função coclear de indivíduos com limiares audiométricos ainda preservados.
ABSTRACT Purpose To estimate the degree of association between exposure to pesticides and the risk of alteration in cochlear function in students exposed to pesticides. Methods This study evaluated individuals aged 8 to 30, of both genders, residing in an area of heavy pesticide use in the town of Nova Friburgo, Rio de Janeiro State. Each study participant answered a questionnaire to assess their degree of pesticide exposure. To evaluate cochlear function, audiometry exams were performed, including transient evoked otoacoustic emissions (TEOAEs) and distortion product otoacoustic emissions (DPOAEs). Results The TEOAE responses were on average lower at higher frequencies, especially at 2.0 and 4.0 kHz, and lower at these frequencies among the most exposed individuals. A similar pattern was observed for DPOAE responses. The lowest response level in the DPOAE tests was observed at the frequency of 6 kHz in the group with the highest exposure score. The proportion of failures observed at more than one frequency in the TEOAE tests on the right ear was significantly higher in the highest exposure group when compared to the lowest exposure group. In the DPOAE test, the rate of failure was also greater in the group with highest exposure when compared to that of lowest exposure. Conclusion The results suggest that exposure to pesticides can significantly contribute to alterations in cochlear function in individuals with preserved audiometric thresholds.