Resumo A vivência estudantil na universidade é uma questão pouco investigada e discutida, especialmente nos cursos de Psicologia, assim como o sofrimento que pode acompanhá-la, decorrente sobretudo do contato com o sofrimento psíquico de outras pessoas ou os conteúdos acadêmicos mais diretamente relacionados com a subjetividade humana. Este artigo apresenta dados de uma pesquisa cujo objetivo era o levantamento das vivências acadêmicas dos estudantes de Psicologia de uma universidade pública do interior paulista. Na coleta de dados foi utilizado um instrumento, contendo uma questão de identificação sociodemográfica, um conjunto de 20 itens de múltipla escolha (formulado como numa escala do tipo likert de cinco pontos) e cinco questões abertas, que foi respondido por 119 estudantes dos cinco anos do curso. Os resultados, após serem submetidos às análises quantitativa e qualitativa, permitiram verificar que, na Escala Likert, os alunos apresentaram, no geral, percepção favorável do curso. No entanto, nas questões abertas referentes às vivências e ao sofrimento psíquico foram apresentados indicadores explícitos de mal-estar universitário. Na última questão, que indagava sobre a vivência de sofrimento psíquico, 107 dos 119 estudantes responderam afirmativamente. A partir destes dados, se discute a necessidade urgente de ações, tanto por parte dos gestores universitários quanto das entidades que fiscalizam a formação de psicólogos.
Abstract Academic experiences constitute a poorly discussed and researched subject, which is also truth for the suffering that may go along with such experiences, especially in the psychology courses, as well as the suffering that can accompany them, stemming mainly from contact with the psychic suffering of others or with an academic content more directly related to human subjectivity. This study presents data from a survey whose purpose was to map the academic experiences of psychology students, at a Brazilian public University. A questionnaire containing a question of socio-demographic identification, a set of 20 multiple-choice items (formulated as a Likert scale of five points) and five open questions was used to collect data by 119 students of the five years of the course. The results, after being subject to quantitative and qualitative analysis, allowed to verify, in Likert scale, that the students presented, in general, a favorable perception of the course. However, the open questions relating to experiences and psychological distress presented explicit indicators of university unease. In the last question, that inquired about the experience of psychological distress, 107 of 119 students responded affirmatively. From these data, we discuss the urgent need for action, both by university administrators and by the entities that oversee the training of psychologists.
Resumen La experiencia de los estudiantes en la universidad es un asunto poco investigado y discutido, sobre todo en los cursos de psicología, así como el sufrimiento que puede acompañarla, derivados principalmente del contacto con el sufrimiento psíquico de los demás, o con contenidos académicos más directamente relacionados con la subjetividad humano. Este artículo presenta datos de una encuesta cuyo objetivo fue estudiar las experiencias académicas de los estudiantes de psicología en una universidad pública de São Paulo. Para la recolección de datos se utilizó un cuestionario que contiene una pregunta de identificación sociodemográfico, un conjunto de 20 preguntas de elección múltiple (formulado como una escala Likert de cinco puntos) y cinco preguntas abiertas que fueron respondidas por 119 estudiantes de los cinco años del curso. Los resultados, después de haber sido objeto de un análisis cuantitativo y cualitativo, permiten verificar, en escala Likert, que los estudiantes presentan, en general, una percepción favorable del curso. Sin embargo, en las preguntas abiertas, relacionadas con las experiencias y los trastornos psicológicos, se presentaron indicadores explícitos de malestar universitario. En la última pregunta, que trataba acerca de la experiencia de sufrimiento psíquico, 107 de 119 estudiantes respondieron afirmativamente. A partir de estos datos, se discute la necesidad urgente de adoptar medidas, tanto por parte de los administradores de la universidad, como por parte las entidades que supervisan la formación de los psicólogos.