Antes da década de 1980, a literatura especializada em análise e gestão de risco estava alicerçada na chamada visão tecnocrática ou dominante. Esta visão estabelecia que os desastres naturais eram eventos físicos extremos, produzidos por uma natureza caprichosa, externos ao contexto social, e requeriam soluções tecnológicas e de gestão por parte dos especialistas. Este artigo centra-se no desenvolvimento de uma nova explicação para entender a persistência hegemônica da visão tecnocrática, com base no conceito de inquestionabilidade do risco. Esta proposta conceitual refere-se à incapacidade e negligência de especialistas, cientistas e tomadores de decisão (claimmakers) para identificar e abordar as causas subjacentes à produção de risco, pois isso levaria a questionar os imperativos normativos, as necessidades das elites e os estilos de vida do atual sistema socioeconômico globalizado de hoje.
Before de 1980s, the natural hazard analysis and management specialized literature was dominated by the so called "dominant" or "technocratic" view. Such perspective had established that natural disasters are extreme physical events caused by a whimsical nature and that these events are external to society. These events required technological and management solutions developed by experts. The current article aims at addressing a new explanatory component in the hegemonic persistence of the technocratic view. Such assumption was based on the "unquestionability of the risk" concept. It is stated that the "unquestionability of the risk" is the overall incapacity and neglect of experts, scientists and decision makers to identify and act over the deep causes of risk production, since it would make them question the normative imperatives and the demands from the elite as well as the life style in nowadays globalized socio-economic system.
Con anterioridad a la década de 1980, la literatura especializada en análisis y gestión del riesgo estaba dominada por la llamada visión tecnocrática o dominante. Esta visión establecía que los desastres naturales eran sucesos físicos extremos, producidos por una naturaleza caprichosa, externos a lo social y que requerían soluciones tecnológicas y de gestión por parte de expertos. Este artículo se centra en desarrollar una nueva explicación para entender la persistencia hegemónica de la visión tecnocrática basada en el concepto de incuestionabilidad del riesgo. Esta propuesta conceptual hace referencia a la incapacidad y desidia de los expertos, científicos y tomadores de decisiones en general (claimmakers) de identificar y actuar sobre las causas profundas de la producción del riesgo ya que ello conllevaría a cuestionar los imperativos normativos, las necesidades de las elites y los estilos de vida del actual sistema socioeconómico globalizado.