Resumo Este artigo foi escrito por uma jovem do povo Karipuna do Amapá, porém o que há nele não é unicamente de minha autoria, pois o texto é compostopor conhecimentos coletivos, partilhados por todas aquelas e aqueles que, assim como eu, são Karipuna. É desenvolvida, ao longo do artigo, uma série de reflexões, a primeira delas sobre as experiências que tenho com as ‘mulheres antigas’ de meu povo durante os momentos em que realizo com elas pesquisas na área de antropologia. A partir de tais experiências, são moldadas outras reflexões sobre autoria coletiva, escrita ‘autoetnográfica’ e a importância de nós, indígenas, falarmos e escrevermos em nossos próprios termos, havendo, por fim, uma última reflexão sobre como os atos de aprendizado e de escrita com as parentas podem ser compreendidos como um maiuhi, uma palavra em kheuol (a língua falada por meu povo) que, quando traduzida para o português, significa ‘mutirão’ ou ‘ajudado’ e que explica a relevância dos trabalhos coletivos para os povos indígenas de Oiapoque.
Abstract This article is written by a young woman from the Karipuna of Amapá people. However, what is in it is not solely my own since the text comprises collective knowledge shared by all those who, like me, are Karipuna. The article discloses a series of reflections, the first of which is about the experiences I have with the ‘ancient women’ of my people during anthropological field research conducted with them. These experiences shaped other reflections regarding collective authorship, ‘autoethnographic’ writing, and the importance of indigenous people speaking and writing in our own terms. Finally, one last reflection concerns how the acts of learning and writing with relatives can be understood as a maiuhi, a word in Kheuol (the language spoken by my people), which when translated into Portuguese, means mutirão (joint effort) or ajudado (assistance) and that explains the relevance of collective work for the indigenous people of Oiapoque.