OBJETIVO: Analisar as desigualdades socioeconômicas na utilização de consultas médicas (CM) no último ano no Brasil. MÉTODOS: Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (≥ 20 anos de idade) das Regiões Nordeste (2003, n = 75.652 e 2008, n = 79.779) e Sudeste (2003, n = 76.029 e 2008, n = 79.356) foram analisados segundo CM. Compararam-se as prevalências de CM segundo as variáveis exploratórias demográficas e de saúde no primeiro (D1) e último (D10) decil de renda familiar per capita. As análises consideraram o desenho amostral complexo. RESULTADOS: A proporção de pessoas com CM aumentou no período na Região Nordeste (61,2 para 66,9%) e Sudeste (67,9 para 73,5%). A diferença absoluta de CM, segundo D1 e D10 no período, foi de 6,4 pontos percentuais (pp) no Nordeste e 4,2 pp no Sudeste. Houve importante redução das desigualdades entre os homens; naqueles sem doenças crônicas; naqueles que tinham uma percepção positiva da sua saúde e naqueles sem plano de saúde com direito a CM. A Região Sudeste ainda apresentou redução entre aqueles com apenas uma morbidade autorreferida (8 pp) e com percepção negativa da saúde (6 pp). CONCLUSÃO: Houve aumento de CM no Brasil. Observa-se ainda persistente desigualdade entre os mais pobres e os mais ricos, maior no Nordeste do que no Sudeste. Políticas para a redução da desigualdade em saúde mais eficazes e equânimes devem ser adotadas no Brasil.
OBJECTIVE: To analyze the socioeconomic inequalities in medical visits (MV) in the past year in Brazil. METHODS: Data from adults aged ≥ 20 years old who participated in the Brazilian National Household Surveys and living in the Northeastern (2003; n = 75,652 and 2008, n = 79,779) and Southeastern (2003; n = 76,029 and 2008; n = 79,356) regions were analyzed according to MV. We compared MVs according to demographic and health variables in the first (D1) and last (D10) per capita family income deciles. All analyses considered the complex cluster design. RESULTS: The proportion of people who had MV during this period increased in the Northeastern (from 61.2 to 66.9%) and the Southeastern (from 67.9 to 73.5%) regions. The absolute difference (AD) in the use of MV, according to D1 and D10 in this period, was equal to 6.4 percentage points (pp) in the Northeastern and 4.2 pp in the Southeastern regions. Significant reduction in inequalities was observed among men without chronic diseases, in those who had a positive perception of their health, and among those without health insurance which included MV. The Southeastern region has also showed significant reduction among those with chronic disease (8 pp) and with negative health self-perception (6 pp). CONCLUSION: The increasing number of MVs was found in Brazil. However, persistent inequalities were observed between the poorest and the richest, higher in the Northeastern than in the Southeastern region. More effective and equitable policies to reduce health inequalities should be adopted in Brazil.