O estresse oxidativo ao DNA de células da mucosa cólica decorrente de radicais livres de oxigênio presentes na luz intestinal, induz mutações de genes relacionados ao controle do ciclo celular, representando um dos fenômenos iniciais da carcinogênese colorretal. A quantificação do dano oxidativo ao DNA em portadores de câncer colorretal foi pouco estudada até o momento. OBJETIVO: O objetivo do presente estudo foi mensurar os níveis de dano oxidativo ao DNA de células isoladas da mucosa cólica de doentes com câncer colorretal comparando o tecido normal e o neoplásico e correlacionando-os a variáveis anatomopatológicas. MÉTODO: Estudou-se 32 enfermos (19 mulheres) com média de idade de 60,6 ± 15,5 anos, portadores de adenocarcinoma colorretal operados consecutivamente, entre 2005 e 2006. A avaliação do dano oxidativo ao DNA foi realizada pela da versão alcalina do ensaio cometa (eletroforese e gel de célula única), a partir de fragmentos de tecido cólico normal e neoplásico obtidos imediatamente após a extirpação do espécime cirúrgico. Avaliou-se a extensão das rupturas das hélices do DNA com método de intensificação de imagem, em 200 células escolhidas aleatoriamente (100 de cada amostra de tecido) com o programa Komet 5.5. A mensuração da cauda obtida de cada célula (Tail Moment) representava, quantitativamente, a extensão do dano oxidativo ao DNA. A análise estatística das variáveis consideradas foi realizada pelos testes t de Student, qui-quadrado e Kruskal-Wallis, adotando-se nível de significância de 5% (p<0,05). RESULTADOS: Verificou-se em todos os doentes que as células obtidas do tecido neoplásico apresentavam maior intensidade de dano oxidativo ao DNA do que as células oriundas do tecido normal. As células isoladas da mucosa cólica neoplásica apresentavam, em média, extensão de ruptura das hélices do DNA (T.M. = 2,532 ± 0,945) significativamente maior quando comparadas às células isoladas do tecido normal (T.M. = 1,056 ± 0,460) (p=0,00001; I.C.95%: -1,7705 -1.1808). Verificou-se que os doentes pertencentes aos estádios mais precoces da classificação de Dukes e TNM apresentavam maiores níveis de dano oxidativo do que os pertencentes a estádios mais avançados (p=0,04 e p=0,001 respectivamente). CONCLUSÕES: As células obtidas do tecido normal de portadores de câncer colorretal apresentam sinais de danos oxidativos ao DNA celular, embora significativamente menores que as células neoplásicas.
Oxidative stress on mucosal cells of the colon, resulting from the action of free radicals present in the intestinal lumen, represents one of the initial phenomena in colorectal carcinogenesis, because it may induce gene mutations relating to cell cycle control. Quantification of the oxidative damage to the DNA in colorectal cancer patients has been little studied so far. OBJECTIVE: To measure the levels of oxidative damage to the DNA in cells isolated from the colon mucosa in colorectal patients, and to compare normal and neoplastic tissues and make correlations with anatomopathological variables. METHOD: Thirty colorectal adenocarcinoma patients (eighteen women) of mean age 60.6 ± 15.5 years who consecutively underwent operations performed by the same surgical team between 2005 and 2006 were studied. The oxidative damage to the DNA was evaluated by means of the alkaline version of the comet assay (single-cell gel electrophoresis), from fragments of normal and neoplastic colon tissue that were obtained immediately after removal of the surgical specimen. The extent of breakages of the DNA helices was assessed using an image intensification method, on 200 randomly chosen cells (100 from each tissue sample), by means of the Komet 5.5 program. The Tail Moment (T.M) measured in each cell quantitatively represented the extent of the oxidative damage to the DNA. The statistical analysis on the variables considered was performed by means of the Student t, chi-squared and Kruskal-Wallis tests, with a significance level of 5% (p<0.05). RESULTS: It was found that, for all the patients studied, the cells obtained from the neoplastic tissue presented oxidative damage to the DNA that was greater than in the cells from normal tissue. The cells isolated from the neoplastic mucosal tissue of the colon presented extension of DNA strand breakage significantly greater (T.M. = 2.532 ± 0.945) than did the cells isolated from normal tissue (T.M. = 1.056 ± 0.460) (p=0.00001; C.I. 95%: -1.7705 to -1.1808). It was found that the patients at earlier stages of the Dukes and TNM classifications presented higher levels of oxidative damage than did those at more advanced stages (p=0.04 and p=0.001, respectively). CONCLUSIONS: The cells obtained from normal tissue of colorectal cancer patients presented signs of oxidative damage to the cell DNA, although at significant lower levels than in the neoplastic cells.