OBJETIVO: Avaliar os efeitos hemodinâmicos sistêmicos e esplâncnico da expansão volêmica inicial com SSH em modelo de choque hemorrágico controlado. MÉTODOS: Dez cães foram submetidos a sangramento controlado (20 ml/min) até uma pressão arterial média de 40±5 mmHg (PAM). Após 30 minutos de choque, receberam 4 ml/Kg de SSH em 5 minutos e posteriormente observados sem intervenções adicionais durante 60 minutos. As variáveis hemodinâmicas sistêmicas foram obtidas de um cateter arterial e de um cateter de Swan-Ganz, enquanto as regionais através da cateterização da veia porta, fluxômetro ultrassônico na veia porta e um tonômetro na cavidade. A oferta, taxa de extração e consumo esplâncnico de oxigênio, pH intramucoso e os gradientes veno-arterial, porta-arterial e mucosa-arterial da pCO2 (Dap-a pCO2, Dvp-a pCO2 e Dt-a pCO2, respectivamente), foram calculados. RESULTADOS: A hemorragia (29,8±2,4 ml/Kg) reduziu a pressão arterial média (125±6 para 42±1 mmHg), o DC (1,9±0,2 para 0,6±0,1 L/min) e o fluxo porta (504±73 para 126±12 ml/min), enquanto elevou o Dap-a pCO2 (5,3±0,8 para 19,9±1,6 mmHg), Dvp-a pCO2 (5,4±1,4 para 22,6±2,1 mmHg) e o Dt-a pCO2 (6,1±1,1 para 43,8±7,5 mmHg). A infusão de SSH resultou em recuperação parcial dos fluxos sistêmico e porta. Atenuou os gradientes de CO2 com menor impacto sobre o Dt-a pCO2. CONCLUSÃO: A SSH promoveu benefícios parciais na perfusão sistêmica e esplâncnica, os quais foram especialmente limitados na microcirculação regional, como demonstrado pelo Dt-a pCO2. Além disso, as variáveis sistêmicas e regionais dependentes de oxigênio, não refletem a adequação da perfusão da mucosa gástrica, enfatizando a importância da monitorização deste território - pela tonometria - durante os estados de choque.
PURPOSE: To evaluate the effects of SSH resuscitation on systemic and splanchnic hemodynamic variables in an experimental model of controlled hemorrhagic shock. METHODS: Ten mongrel dogs were bled (20 ml/min) to a target mean arterial pressure (MAP) of 40±5 mmHg. After 30 minutes of shock, animals received SSH infused in 5-minute and they were observed for 60 minutes thereafter. Systemic hemodynamics were evaluated through a Swan-Ganz and arterial catheters while gastrointestinal tract perfusion by a catheter inside the portal vein, an ultrasonic flowprobe around portal vein blood flow (PVBF) and a gastric tonometer. Splanchnic oxygen delivery and consumption, intramucosal pH and veno-arterial, portal-arterial and mucosal-arterial pCO2-gradients (Dap-a pCO2, Dvp-a pCO2 e Dt-a pCO2, respectively) were assessed. RESULTS: Hemorrhage (29.8±2.4ml/Kg) induced significant decreases in MAP (125±6 to 42±1 mmHg), in CO (1.9±0.2 to 0.6±0.1 L/min), and PVBF (504±73 to 126±12 ml/min) while significant increases were detected in Dap-a pCO2 (5.3±0.8 to 19.9±1.6 mmHg) Dvp-a pCO2 (5.4±1.4 to 22.6±2.1 mmHg) and Dt-a pCO2 (6.1±1.1 to 43.8±7.5 mmHg). SSH infusion promoted only partial benefits in systemic and splanchnic blood flows. Reduced pCO2 gradients but fewer effects in Dt-a pCO2 were observed. CONCLUSION: The SSH infusion promoted partial systemic and splanchnic hemodynamic benefits. Those benefits were especially poor at the splanchnic microcirculation, as evaluated by Dt-a pCO2. In addition, systemic and regional oxygen-derived variables do not reflect the regional microcirculation disturbances. Gastrointestinal tonometry clearly represents a useful tool for monitoring splanchnic perfusion in patients in hemodynamic shock.