Resumo Discussão sobre o fenômeno da subcontratação nas organizações contemporâneas. Tal fenômeno é aqui entendido como parte do processo mais amplo de flexibilização das instituições sociais e do trabalho que acompanhou o desmonte do fordismo e tem sido responsável pela fragmentação e precarização dos mercados de trabalho em todos os países industrializados. Adota-se aqui a perspectiva de análise na qual são discutidas as implicações da terceirização para os trabalhadores. À luz das teses da crise da sociedade salarial e da acumulação flexível, cuja referência é encontrada no pensamento da escola da regulação fordista, argumenta-se que a subcontratação, mais conhecida no Brasil como terceirização, reforça as relações de dominação e o controle social sobre a força de trabalho, rebaixando ou retirando direitos historicamente conquistados. Esse processo tem sido muito mais pernicioso em sociedades de democracia recente, como a brasileira, nas quais as novas práticas de flexibilização do trabalho contribuíram para fragilizar, ainda mais, a estrutura do mercado de trabalho, historicamente marcada pelos baixos salários, pela excessiva instabilidade do vínculo empregatício, pela baixa qualificação dos seus trabalhadores, pela fraca organização coletiva, pelos parcos direitos cidadãos. A despeito dos avanços nos indicadores do emprego e da renda na última década no país, a subcontratação tem se disseminado, o que reitera esse padrão predatório de relações de trabalho.
Abstract This article discusses outsourcing in contemporary organizations. Outsourcing is understood here as part of a broader process of flexibility of labor and of social institutions, which followed the decline of Fordism. This process has been responsible for an increase of fragmented and precarious labor markets in all industrialized countries. The analytical perspective adopted in this article discusses the implications of outsourcing for workers. In light of the thesis of wage society crisis and flexible accumulation, whose reference is found in the school of Fordist regulation, this article argues that outsourcing reinforces the relations of domination and social control over the workforce, which lowers or removes historically achieved rights. This process has been much more pernicious in newly democratic societies such as Brazil, where new flexible work practices contribute to weakening the structure of the labor market, historically marked by low wages, excessive employment instability, low skill workers, weak collective organization, and lack of social rights. Despite advances in employment and income indicators during the last decade, outsourcing has become widespread reiterating this predatory pattern of labor relations.
Resumen Debate sobre el fenómeno de la subcontratación en las organizaciones contemporáneas. Este fenómeno se entiende aquí como parte de un proceso más amplio de flexibilización de las instituciones sociales y del trabajo, que siguió el desmantelamiento del fordismo y ha sido responsable por la fragmentación y precarización de los mercados de trabajo en todos los países industrializados. Se ha adoptado aquí la perspectiva de análisis en el que se discuten las implicaciones de la subcontratación para los trabajadores. A la luz de las tesis de la crisis de la sociedad salarial y de la acumulación flexible, cuya referencia se encuentra en el pensamiento de la escuela de regulación fordista, se argumenta que la subcontratación refuerza las relaciones de dominación y control social sobre la fuerza de trabajo, rebajando o eliminando derechos históricamente conquistados. Este proceso ha sido mucho más pernicioso en las sociedades democráticas recientes, como Brasil, donde las nuevas prácticas de flexibilización del trabajo han contribuido a debilitar aún más la estructura del mercado de trabajo, históricamente caracterizada por bajos salarios, excesiva inestabilidad del vínculo laboral, baja calificación de sus trabajadores, débil organización colectiva, y derechos ciudadanos. A pesar de los avances en los indicadores de empleo e ingresos en la última década en el país, la subcontratación se ha difundido, lo que reitera este modelo depredador de las relaciones laborales.